‘Parecia que ela estava chicoteando um escravo que não fez o serviço direito’, diz entregador agredido por mulher em São Conrado

Max Ângelo dos Santos diz que desde que as agressões ocorreram, ele ficou muito abalado e ainda não conseguiu trabalhar, mas diz que vai levar o caso à frente: 'Se não denunciar, vai continuar acontecendo'.

‘Parecia que ela estava chicoteando um escravo que não fez o serviço direito’, diz entregador agredido por mulher em São Conrado

O entregador Max Ângelo dos Santos, uma das vítimas de agressões no meio da rua em São Conrado, Zona Sul do Rio, diz que se sentiu no tempo da escravidão quando Sandra Mathias Correia de Sá pegou a coleira do cachorro e deu chicotadas em suas costas.

“Parecia que ela estava chicoteando um escravo que não fez o serviço direito. Mas eu não sou escravo, entendeu? O tempo da escravidão já acabou", disse.

O episódio aconteceu no domingo (9) e, segundo Max, depois disso ele não teve mais condições de trabalhar. "Essa é minha única fonte de renda. Aqui que pago o aluguel, pago a pensão dos meus filhos", disse o rapaz.

“Ainda estou tentando absorver tudo aqui. Teve uma hora que eu desabei e chorei. A minha mulher tentou me acalmar. Se não denunciar, vai continuar acontecendo. Aconteceu com outras pessoas aqui, e eles não levaram à frente. Mas eu vou levar à frente, isso não pode acontecer”, desabafou.

Uma testemunha que já foi ameaçada por Sandra esteve na base onde o rapaz trabalha para solidarizar-se e entregar roupas.

“Ele não merece isso. É um trabalhador digno. Ela é considerada aqui no bairro, já, como uma pessoa descontrolada. Inclusive, já me ameaçou. Eu trabalho em um local aqui no bairro e ela abandou um animal na clínica onde eu trabalho. Eu vi os vídeos e decidi vim aqui para me solidarizar com ele. Ela é uma racista. Ninguém merece apanhar de cinto, de coleira. É um absurdo”, destacou.

A mulher é esperada para prestar depoimento na manhã desta terça na 15ª DP (Gávea). Sandra já tem duas passagens na polícia: uma é por furto de energia elétrica na Praia do Leblon, onde ela mantém uma escola de vôlei, e outro por injúria e ameaça.

 

Relembre o incidente

 

Todas as agressões ocorreram na Estrada da Gávea, em frente a uma base de uma plataforma de entrega. O prédio de Sandra fica na mesma calçada. Há um posto de gasolina e uma saída do metrô nas proximidades.

Max conta que na terça-feira passada (4) Sandra já tinha xingado os profissionais porque eles estariam trafegando pela calçada.

No domingo, ao passear com um cachorro, Sandra primeiro cospe na direção dos motoboys. Na volta, começa a discutir com a entregadora Viviane Maria de Souza.

Sandra parte para as agressões e morde a perna de Viviane. A entregadora não revida e tenta se desvencilhar de Sandra, agarrando-se a uma grade.

“Ela me xingou de lixo, de favela, de um monte de coisa. Nome feio... E chamando para briga, e eu não queria brigar. Eu falei: ‘Eu não quero brigar, eu vou correr, sim, porque eu não quero brigar’. Porque, se eu fosse a mais, eu ia acabar machucando ela”, narrou a profissional.

Viviane consegue escapar, e Sandra passa a mirar em Max. Ela puxa a camisa dele e acerta um soco na cabeça. Ele momentaneamente se afasta. Sandra solta a guia da coleira do cachorro e avança contra Max, chicoteando-o. Ele se esquiva de um golpe, mas acaba ferido.

O entregador Max Ângelo dos Santos foi agredido com uma coleira por Sandra Mathias Correia de Sá — Foto: Montagem/TV Globo

O entregador Max Ângelo dos Santos foi agredido com uma coleira por Sandra Mathias Correia de Sá — Foto: Montagem/TV Globo

 

Fonte: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2023/04/11/parecia-que-ela-estava-chicoteando-um-escravo-que-nao-fez-o-servico-direto-diz-entregador-agredido-por-mulher-na-zona-sul-do-rio.ghtml